1. Tipos de modais.
Modal Rodoviário.
Um dos principais modais utilizados pela logística é o rodoviário. Este tipo de transporte tem como principal característica a utilização das rodovias federais ou estaduais para tráfego de veículos motorizados tanto de pequeno, médio ou grande porte, com uma velocidade relativamente alta e acessibilidade aos lugares mais remotos por meio de estradas.
O transporte rodoviário na América do Sul é regido pelo Convênio sobre Transporte Internacional Terrestre que engloba o Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai e Peru. Esse convênio foi firmado em Santiago do Chile em 1989 (Decreto nº 92792 de 17 de Junho de 1986) que regulamentar os direitos e obrigações no tráfego regular de caminhões em viagens entre os países consignatários. Já o decreto firmado entre os países por meio do então Presidente Fernando Collor no dia 20 de novembro de 1990 (Decreto nº 99794/90), descreve que o transporte tanto de carga como de pessoas devem ser feitos por empresas autorizadas mediantes ao pagamento de taxas e impostos estabelecido por cada país.
No Brasil, rodovias são vias rurais de rodagem pavimentadas, ou ainda via de transporte interurbano de alta velocidade, que podem ou não proibir o seu uso por parte de pedestres e ciclistas. Dividem-se em rodovias estaduais e/ou federais, onde as primeiras são chamadas pelo código do Estado brasileiro seguidas por três números que representam o código da estrada (exemplo – CE 040). Já as federais são representadas pelas iniciais BR, que se refere ao Brasil, e por três números que são os códigos de cada rodovia (exemplo – BR 116).
Existe ainda a divisão entre as rodovias federais, ou seja, pelas BR, que podem ser em: rodovias radiais, longitudinais, transversais, diagonais e de ligação.
Nas rodovias radiais, a quilometragem é iniciada a partir de Brasília em direção aos extremos do país, com sentido de quilometragem saindo do Anel Rodoviário de Brasília. Tem como código de rodovia o número inicial zero (BR 0xx). Já as longitudinais que são as que cortam o Brasil de Norte a Sul, começando a partir do litoral. Estas possuem código inicial com o número um (BR 1xx).
No caso das rodovias transversais que são rodovias que cortam o país na direção Leste-Oeste, tendo sentido de quilometragem leste para oeste, possuem código iniciado com o número dois (BR 2xx).
As rodovias diagonais podem apresentar dois modos de orientação, um em direção noroeste-sudoeste e outro na direção nordeste – sudoeste. Ambas as direções com código iniciado com o número três (BR 3xx), tendo a diferença estabelecida pelos dois números finais de cada rodovia, pois as que têm terminação com números pares são diagonais orientadas na direção noroeste – sudoeste (BR – 304) e as de orientação de direção nordeste – sudoeste terão os números finais impares (BR – 319).
Já as rodovias de ligação que são rodovias que se apresentam em qualquer direção, geralmente ligado a rodovias federais, ou pelo menos a uma rodovia federal a cidades, ou pontos importantes, ou ainda nossas fronteiras internacionais possuem como código os que se inicia com o número quatro (BR 4xx). Como exemplo deste tipo de rodovia, mostro a BR – 407 que liga a cidade de Piripiri no Piauí com a BR 116 e Anagé também no Piauí.
Por esse motivo os modais rodoviários conseguem alcançar lugares tão remotos e distantes, graças às rodovias estaduais e federais que ligam nosso país como um todo. E isso faz como que esse tipo de sistema de transporte se torne o mais utilizado no país, mesmo quando registra um elevado custo operacional, um excessivo consumo de combustível e um alto índice de acidentes no percurso.
Porém sua aceitação na logística de transportes deve-se ao fato de que possui maior flexibilidade operacional, o que permiti acessar os pontos isolados em todo país e inclusive fazer distribuição em países de fronteiras ao nosso. Além do mais baixo custo inicial de implantação, pois as rodovias são construídas pelos governos estaduais e federais, e os veículos que efetuam esse transporte são, em geral, de terceiros.
Esse tipo de modal apresenta grande competitividade, pois consegue distribuir mercadorias do ponto de origem ao destino com um único manuseio, dispensando assim, maiores gastos com embalagens e podendo entregar o produto diretamente na porta dos seus consumidores.
É muito utilizado em viagens de curta distância, onde seu maior custo operacional é compensado pela eliminação de transbordo. Servindo com destreza para cargas de peso médio, já que em determinadas regiões o tamanho, ou melhor, a dimensão da carga e seu peso são estipulados com tamanhos e peso máximos permitidas para tráfegos em determinados horários.
Aqui no Brasil algumas rodovias ainda apresentam um estado de conservação ruim, o que faz com que aumente os custos com a manutenção dos veículos, o que se agrava ainda mais com a frota que já são antigas e que estão sempre sujeitas a roubo de carga e violência sofridas no percurso.
Por via de regra, apresenta preço de frente mais elevado do que os modais ferroviários e hidroviários, portanto sendo recomendado para mercadoria de alto valor ou perecíveis, não sendo recomendados para produtos agrícolas a granel, cujo custo é muito baixo para esse tipo de modal.
Em relação ao serviço, podem-se encontrar transportadoras regulamentadas, frotas privadas, transportadores contratadas e isentos. O contratante de uma transportadora fica isento das despesas de capital e dos problemas administrativos associados a frotas próprias. Geralmente as transportadoras contratadas exigiram de seu usuário um contrato de longa duração. Já no caso dos isentos são aqueles livres de regulamentação econômica, como por exemplo, veículos operados e contratados por fazendeiros ou cooperativas agrícolas.
Nos últimos anos com a privatização de algumas vias e com o uso da tecnologia a favor do transporte rodoviário, foi possível diminuir quase pela metade o número de acidentes ou de quebras por condições ruins de asfalto, pois com vias mais iluminadas, bem asfaltas, com boa sinalização, fica mais fácil efetuar viagens mais seguras. Sem contar que o uso da tecnologia de GPS e de radar, facilitando o encontro dos caminhões em caso de roubo.
a) Vantagens ou pontos fortes do transporte rodoviário.
O transporte rodoviário é adequado para curtas e médias distâncias para produtos acabados ou semi – acabados, ou ainda de maior valor. Possui uma simplicidade para atender a demanda do mercado, pois busca a mercadoria no local de embargue e a entrega diretamente no destino final dela, sem haver a necessidade de ficar manuseando-a inúmeras vezes como em alguns modais.
Possui também agilidade no acesso as cargas, essa agilidade dependendo da distância pode ser de entrega direta, ou melhor, de pronta-entrega ou ainda entrega de porta a porta. Haverá dois únicos manuseios, que são ao embarcar e ao desembarca a carga, por isso há a menor exigência de embalagem.
Existindo ainda o elevado nível de adaptação por porte do veículo, já que há no mercado vários tipos de veículos de carga que vão desde caminhonetes, passando por caminhões de pequeno porte, indo em direção aos grandes caminhões.
Com relação a tarifas alfandegárias, a própria empresa transportadora poderá efetuar o desembaraço sem a necessidade de um intermediário.
Já em relação ao pagamento de pedágios em determinadas rodovias brasileiras, pode ser tanto uma vantagem como uma desvantagem. Se tornar vantagem por ser garantia de uma estrada bem asfaltada, bem sinalizadas e iluminada. Mas ao mesmo tempo em que agiliza a viagem, a encarece por constante pagamento de pedágio, o que reflete no custo operacional.
Além dessas vantagens técnica, existe a vantagem de disponibilidade dos serviços, pois existe um grande número de empresas habilitadas para fazer transporte de mercadoria por vias rodoviárias. Essa grande quantidade de concorrentes faz com que o nível do serviço e seu preço seja ou tabelado ou próximo um do outro.
Segundo o Detran de Fortaleza, o sistema de transporte rodoviário possui um baixo investimento para o operador, sendo necessária apenas a carteira de motorista que o habilite a trafegar com veículos de carga com peso bruto total superior a 3,5 mil quilograma, utilizando a Carteira de Motorista de categoria C, e o conhecimento do percurso que será feito, já que haverá no serviço uma grande cobertura geográfica.
O transporte rodoviário é relativamente rápido e eficaz, talvez não seja ousadia dizer que dentre os outros modais, este seja o segundo em termo de velocidade de entrega, perdendo apenas para o aeroviário.
b) Desvantagens ou pontos fracos do transporte rodoviário.
A frota brasileira é antiga e, aliado a isso ainda tem a questão das péssimas condições de conservação das estradas brasileiras, o que faz com que os veículos quebrem com mais freqüência e isso influência nos custos operacionais do transporte.
Existe ainda o pagamento de pedágios em determinadas vias. Foi privatizado no Governo Lula cerca de 2,6 mil quilômetros de rodovias federais e nessa vias é exigido um pedágio.
As rodovias mais comuns de pagamento de pedágio são: BR – 381 que liga Belo Horizonte (MG) a São Paulo (SP); BR – 393 que é a Divisa Minas Gerais - Rio de Janeiro até a Via Dutra no Rio de Janeiro; BR – 101 que é a Ponte Rio – Niterói (RJ) – (ES); a BR – 116 no trecho São Paulo a Curitiba e de Curitiba a divisa de Santa Catarina ao Rio Grande do Sul; e BR – 116, BR – 376 com PR – 101 Santa Catarina, Curitiba a Florianópolis.
No nordeste existem algumas vias de pedágio, como por exemplo, a Ponte do Rio Ceará que tem uma média de preço variável R$: 3,00 ou mais, dependendo do tipo de transporte que por lá for passar.
Na Bahia existe o pedágio na rodovia que liga Salvador a Estância em Sergipe, que é chamada de Linha Verde na rodovia estadual BA 099 e SE 318. Esse percurso é de 14 km e tem uma média de preço entre R$: 4,00, sendo cobrada nos dois sentidos da via.
No Mato Grosso, o preço do pedágio é por eixo, num preço que pode variar de R$ 5,10 a R$ 5,50, dependendo do trecho privatizado. Já no Rio Grande do Sul, no trecho Tanquara a Gramados pela rodovia RS 115, paga-se nos dois sentidos R$ 6,70 para qualquer tipo de veiculo, e oferece 23 km de via limpa e em perfeitas condições de uso.
Desse modo o frete pode se tornar elevado em alguns casos e para determinadas regiões onde as rotas precisam passar por mais de um pedágio.
Além do que existe a menor capacidade de carga entre todos os outros modais, havendo um limite máximo permitido em alguns trechos e horários, ou seja, o espaço é limitado e está sujeito as condições atmosféricas, de trânsito e de regulamentação como as de circulação e de horário.
O transporte rodoviário se torna também menos competitivo quando o assunto se refere a longas distâncias e com cargas perecíveis ou de curta duração de vida. O aumento do preço pago pelo serviço varia de acordo com a distância.
Esse tipo de modal apresenta custo fixo baixos, já que as vias são construídas com fundos públicos, porém seu custo variável é médio a alto preço, pois paga-se combustível e manutenção da frota.
c) Oportunidades do transporte rodoviário.
Uma das oportunidades para o transporte rodoviário que permanecer sendo um dos modais mais utilizados no país, sem duvida é a privatização das rodovias que traz para quem trafega nela uma segurança maior.
Outra boa oportunidade seria o fato do governo estadual e federal investirem na construção, na manutenção e na reconstrução das vias que ainda não foram privatizada. Com um bom asfalto, uma boa iluminação, sinalização e policiamento, os índices de assalto e acidentes seriam reduzidos.
Existe ainda a oportunidade crescente da Tecnologia de monitoramento de cargas e de rastreamento de veículos por satélite. Hoje em dia, existe o bloqueio remoto de combustível e outras tecnologias que as empresas do setor estão a utilizar, visando reduzir o risco de transportes.
Porém os investimentos em tecnologia pelas empresas elevam o custo de aquisição do serviço, de maneira que a grande parte da frota rodoviária de carga encontra-se a margem dessas inovações. Sendo interessante a implantação de sistemas de localização por coordenadas geográfica, ou com uso mais freqüente de sistemas de rádio para a comunicação, uma solução não tão dispendiosa quanto a implantação de radares via satélite.
Torna-se uma oportunidade o investimento na utilização de multimodais, ou no sistema semi – automático de carga e descarga dos veículos, alem do aumento no uso de contentores (pallets standard).
d) Ameaça ao transporte rodoviário.
Ameaça ao transporte rodoviário é a questão do estado de conservação das rodovias, da segurança que essas vias oferecem, já que há um aumento da violência e dos roubos nesse setor. Havendo ainda o impedimento por conta de situações atmosféricas e de calamidades públicas como: fortes chuvas, deslizamento de terra e outras mais.
Também se torna uma ameaça o prazo de entrega, já que o transporte rodoviário dependerá principalmente do trânsito e das leis regulamentadoras de cada Estado, que podem variar o horário e a circulação de trafego de caminhões.
Outra ameaça é o aumento do combustível e dos pedágios.
e) Frete rodoviário.
As tarifas de frete rodoviário são organizadas individualmente por cada empresa de transporte e o frete por ser calculado por peso, volume ou por lotação do veículo.
Sua composição é feita da seguinte forma:
· Frete básico – calculado em cima do peso da mercadoria.
Tarifa x Peso da mercadoria
· Frete de carga volumosa
Tarifa x Volume
Existe ainda a cobrança de algumas taxas, como é o caso da Taxa ad – valorem, que é um percentual cobrado sobre o valor da mercadoria; o seguro rodoviário obrigatório, que são percentuais aplicados sobre o preço do FOB da mercadoria.
O FOB (Free On Board) é o fornecedor quem se responsabiliza contratualmente pela mercadoria até a hora em que ela é entregue, na data e na hora escolhida pelo comprador. Este preço, em geral não faz parte do orçamento do fornecedor, devendo ser calculada pelo comprador de acordo com o serviço de frete que escolheu.
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