Olá pessoal,
Peço desculpa por não vim mais falar da Branquela para vocês.
Acho que estou tentando o máximo possível entender o que está acontecendo com
ela. A nova fase dela me preocupa um monte principalmente por que tenho que
aprender a lidar com ela, com as mudanças na rotina da minha menina e com todas
as novas descobertas que estou tendo em relação a essa nova fase; ela ainda
exigir de mim paciência com a Branquela, comigo mesma e com as outras pessoas
que não entendem o que está acontecendo com ela.
Descobri que rezar, chorar e abraçar a Branquela são as
coisas que mais faço agora. Quase todas as noite vou dormir de olhos vermelhos
por ver minha menina tão desanimada, tão desprotegida.
Tudo aconteceu tão rápido. Ela estava bem numa quinta, na
sexta ela aparece mancando, no sábado não quis comer e na terça-feira descubro
que ela está velhinha, anêmica e com a doença do carrapato.
Não consigo me perdoar por isso. Um único carrapato ter
feito isso com a minha menina. Eu que nunca descuidei dela e num único passeio,
um único filho de uma mãe conseguiu causar tudo isso.
As dores na patinha passaram mais. Porém agora ela senti
dificuldade para levantar quando passa um bom tempo deitada – o que tá
acontecendo direto. Outra dificuldade que ela está tendo é descer ou subir
batentes ou escada (a escada ela está subindo e descendo nos braços, já os
batentes que dão acesso ao quintal, esse as vezes ela desci sozinha, as vezes
ela fica com medo e eu a ajudo, ou outra pessoa que esteja perto)
Por falar em outras pessoas, acho que esse é o maior de
todos os problemas que tenho enfrentado ultimamente, pois é tão difícil conseguir
explicar as pessoas que a Branquela não mais consegue fazer tudo o que antes
ela fazia. Alguns me olham como se eu tivesse perdendo tempo, outro com olhar
de que a Branca está quebrada e que o melhor seria trocar por outro. E ainda
tem aqueles que entender um pouco minha dor, mas não tem a mínima ideia como dói
mais na Branquela do que em mim.
Lógico que sinto dor, mas eu posso falar, escrever e
expressar o que estou sentindo. A Branca não. Ela não chora nenhum minuto si
quer. Não late, não choraminga ou coisa parecida. Se eu colocá-la em um canto
deitada, lá ela fica até eu volta sem se mexer um dedinho si quer.
Logo ela que sempre foi tão independente, corria para
onde queria, andava a casa toda, mandava e desmandava nos cômodos daqui de
casa. Subia no sofá, implicava comigo na cama, fazia a festa de manhã cedo ao
acordar ou quando eu chegava da rua. Agora nem isso mais faz.
Muita gente diz que, o que se espera de um cachorro é
animação, proteção e vitalidade. E que quando um animal não está dando isso ao
dono, algo de errado tem. Minha pequena por anos foi minha companheira de
estudo, de bagunça; por anos escutou todas as minhas filosofias de vida, os
meus grilos em relação a tudo; ouviu eu falar dos garotos que me interessei,
dos amigos que conquistei, dos medos que tive e até dos que venci, sempre
balançando aquele rabinho tão animada e me dando o carinho que eu precisava,
mas ultimamente minha pequena anda tão muchinha que dá até pena ver.
Branquela sempre foi muito animada, corria a casa toda
quando me via chegar em casa, hoje no máximo abana de leve o rabinho. Ela é a
alegria daqui de casa. Todas as vezes que fecho meus olhos lembro da minha
menina correndo as escadas pra cima e pra baixo atrás de mim, muitas vezes
ainda com o lençolzinho dela cobrindo seu pelo; outras tantas correndo para não
tomar um remédio, ou para não ir tomar banho.
Ela é a melhor coisa que aconteceu na minha vida e vê-la
do jeito que está hoje me parte o coração.
As pessoas que a conhecem, notam que há algo estranho,
mas quando explico que ela já tem uma certa idade, que está com anemia e sendo
tratada com a doença do carrapato, a primeira coisa que perguntam é se não
seria melhor já imaginar um novo cachorro em casa; as vezes meio sem querer
deixam subentendido se não seria melhor deixá-la e buscar um novo animal para
casa.
Como se fosse tão simples assim?
Acredito que até seria melhor sim adotar um novo filhote.
Talvez ela começasse a ter mais animo com um cachorrinho perturbando-a o tempo
todo. Mas tenho medo de que ela se sinta abandonada por mim com a chegada de um
intruso em casa. Já houve mudanças demais na vida dela.
Cheguei a falar com a veterinária sobre a possível doação
de um cachorrinho da mesma raça da Branquela. Não como substituição dela e sim
como forma dela se animar, já que na maioria dos artigos que andei lendo sobre cães
idosos indicam que se tenham um outro animalzinho em casa. Mas começo a acha
que seja mais para proteção do dono do que pelo animal em sim.
Estava determinada a fazer isso, mas quando cheguei em
casa, olhei a Branquela num cantinho deitada, abanando o rabinho ao me ver,
desistir completamente da ideia. Ela quando chegou para minha vida, chegou no
momento mais delicado da minha historia. Ela foi minha tabua de salvação, se é
que posso dizer isso assim tão abertamente. A amo tão profundamente e ao vê-la
nesse estado, a única coisa que consigo pensar é que estarei junto dela o tempo
todo, cuidando, protegendo-a e invertendo os papéis mais uma vez.
Acho que ninguém nunca ira entender essa situação, mesmo
por que nem eu mesma sei explicar. É difícil! A única coisa que sei nesse
momento é que agradeço todos os dias por Deus me permitir mais um dia com a
minha menina. Mesmo eu sabendo que deve está sendo mais dolorido para ela viver
desse jeito tão “não ela”.
A Branquela está mais magra, comendo pouco – chego a
achar que ela já não sente o cheiro do alimento. Bebendo pouca água, dormindo o
tempo todo. Quando está acordada anda atordoada, como se não reconhecesse onde
está.
Ando atrás da minha menina o tempo todo e qualquer sinal
de melhora para mim já é o bastante para não esmorecer. Acredito que nessa nova
fase da Branquela estou aprendendo que o amor que sinto por ela é tão forte e
poderoso que está me dando dias extras com ela.
Em breve venho com mais noticias sobre ela.