Eu e meu avô Luís - meus 15 anos. |
“ Um dia ainda vamos nos encontrar, sentaremos ao redor de um mesa farta e bem recheada de sentimentos. Um dia ainda vamos nos reencontrar e os sorriso voltaram a fazer parte da sinfonia universal. Um dia ainda vou te encontrar, nem que passem cem mil anos, ainda guardarei o seu olhar dentro de mim...”
Hoje o dia amanheceu tristonho, tudo parecia mais lento, mais doido de se viver. Acordei com uma dor no peito, uma vontade de chorar, uma sensação de um vazio dentro de mim. Era como se a dor de anos atrás nunca tivesse se acalmado em meu coração.
O dia andou tão devagar, tão arrastado. Ao falar com minha mãe ao telefone mais cedo, recordei-me que há seis anos estávamos todos a chorar a perda de um grande homem. Meu avô Luis (vovô Lulu – como eu o chamava) era um exemplo a ser seguido. Homem honesto, digno, com garra e um coração sem igual.
Sei que toda criança costuma diz que tem ou teve o melhor avô que alguém pode ter nesse mundo. Mas é verdade, meu avô foi o melhor de todos os avôs deste e dos outros mundos. Com ele eu aprendi que não se deve desistir – ele não desistiu, lutou até o ultimo suspiro – que todos podem errar, mas que deve ser feito o impossível para não cometer erros.
Aprendi o significado de família; as razões pelas quais laços de amor e amizade nunca devem ser quebrados. Aprendi a valorizar o passado, a nossa historia, a acreditar em mim.
Lembro como se fosse hoje, do dia em que recebi a ligação de minha tia, dizendo que meu querido padrinho não mais estava entre nós. Talvez a dor mais profunda que um ser humano possa sentir. A pior dor que eu senti em toda a minha curta vida.
Eu ali, segurando o telefone, deslizando vagarosamente pela parede, desabei no choro. Aos poucos vi meu mundo cai em milhares de pedaços espalhados pelo chão. Meu avô, era quem mantinha a família unida; era quem conseguia fazer com que a família fosse forte; a honra e o respeito sempre estiveram presente em seus olhos.
Foi ali, naquele curto momento, que vi minha vida mudar, que vi em minha frente cenas de tudo o que vivi com ele. Os momentos mais lindos de uma infância. Os momentos mais importante de minha adolescência.
As brincadeiras de criança; os teatrinho que eu, meu irmão e meus primos fazíamos na casa dele; das festa, as silavas e tantas outras inesquecíveis. Os meus quinze anos, nossa valsa juntos. Ele tão doentinho, ali do meu lado...
Eu, o Sérgio (meu irmão), minha avó Geni e meu avô Lulu (meus padrinhos) nos meus 15 anos. |
Hoje, faz seis anos que pedir meu padrinho, meu avô.
Seis anos que de mim foi roubado a pessoa mais importante que já conheci em toda a minha vida; que tiraram de mim o prazer de ter alguém forte, confiável e verdadeiro em meu caminho.
Talvez eu se ele ainda estivesse aqui, eu não seria essa pessoa que sou. Talvez, eu fosse melhor. Mais forte, mais corajosa, mais tudo... Mas ele não está aqui... demorei muito pra aceitar esse fato... e honestamente, talvez eu nunca aceite.
Ainda dói quando tento meio sem querer me lembrar dele. Dói me lembrar do seu sorriso, de sua voz e de todos os momentos marcantes que vivi ao seu lado e que não mais os terei. Dói aqui dentro por não mais ter seus conselhos ou por não mais ouvir suas broncas, nem mais ter o seu carinho.
Sinto saudade de ser a netinha querida; a afilhada amada. Saudade de ter alguém em quem eu podia confiar cegamente. Saudade de sabia que ele estaria ao meu lado sempre. Saudade da alegria que sua presença tinha em minha vida.
Não sei se é possível, mais gosto de acreditar que não se foi por inteiro. Que aqui dentro de mim, ainda tem um pedacinho dele, que nunca vai se apagar.
Saudade, em quanto houver saudade a luz de meu avô não se apagará dentro de mim.
Com carinho,
Dely Nicolete
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