Domingo foi um dia diferente para mim, talvez tenha sido a primeira vez neste ano que eu tenha me permitido parar e pensar que em breve estarei terminando a faculdade e me formarei.
Foi ali, diante dos meus colegas e amigos da faculdade que vi por um pequeno instante passar toda a minha luta para chegar até aqui. Naquele momento em que posava para as fotos da placa de formatura, senti a minha vida acadêmica passar diante dos meus olhos.
Vi como um flash as noites em claro que passei estudando. Os vestibulares que fiz, tentando entrar na faculdade de psicologia. Os momentos em que dormir em cima dos livros, ou até mesmo das inúmeras vezes que vi o dia amanhecer sentada naquela mesa de vidro negro em nossa sala de janta.
Quantas e quantas vezes virei noites e mais noites em claro, lendo e relendo livros, cadernos? Companheira de minhas noites eram a minha cadelinha (Branquela) e o meu copo de coca-cola. Quanto mais se aproximava o dia das provas, menos eu dormi e mais truque aprendia para tripla o sono.
Em 2005, quando terminei o ensino médio tinha um sonho: ser psicóloga, mas não uma simples psicóloga. Eu queria ser a melhor.
Os meses foram passando, cada vez mais estudava feito uma louca para prestar vestibular para essa área. Não sei se obra do destino ou uma simples coincidência, o máximo que consegui foi chegar pertinho da segunda fase.
Confesso que por inúmeras vezes chorei por minha incapacidade de passar no vestibular. Incapacidade ou obra do destino, não sei. O que sei é que dentro de mim, havia um vazio sem fim.
Foi então que descobri que sonhos nem sempre são as melhores coisas que podem acontecer em nossas vidas. Perdi muito tempo tentando uma faculdade que hoje sei que não seria a minha área, pois descobri que meu ser não agüenta tanto blá, blá, blá sem emoção.
Hoje sei, que tudo na vida tem seu tempo e seu momento... e como tem!
Quando meio sem querer meu irmão me convidou para fazer o vestibular da Faculdade Tecnológica Darcy Ribeiro tive certo receio, pois tinha na grade inglês, e eu sempre fui péssima nessa matéria. Praticamente minha vida inteira, estudei o espanhol e tolerava o bendito inglês como se tolera o sol entrando pela janela do quarto num dia de domingo.
Conversamos por um tempo, ele argumentava que seria apenas um teste para o vestibular que se aproximava. E já que havia decidido trocar psicologia para administração, porque não me testa. Escutei atentamente o que ele dizia e confesso que me apeguei a idéia como uma tabua de salvação. Seria o meu ultimo recurso caso mais uma vez não entrasse na faculdade pública.
Lembro-me como se fosse hoje, minha mãe não estava aqui em Fortaleza, cuidava de minha tia que dias atrás havia sofrido um acidentes. Eu como filha, queria a opinião dela, e quando liguei para contar-lhe o que havíamos decidido, num tom um tanto tristonho por tudo que estava acontecendo, minha mãe falou que iria torce por nós dois.
E foi assim que fizemos a inscrição pro vestibular, com o Alex. Até hoje ele quando cruza comigo ou com meu irmão nos corredores, lembra desse fato. Eu querendo Recursos Humanos e o destino me empurrando para Processos Gerenciais, que na época nem mesmo sabia do que se tratava.
Depois da inscrição feita, estudei com mais garra ainda. Tinha apenas uma semana para concluir meu estudo e prestar vestibular para Processos Gerenciais. Horas debruçada sobre o livro de matemática, noites em claro estudo português e momentos de completo desespero tentando feito louca aprender ou enrolar o inglês em tempo recorde.
O dia chegou, com ele trouxe minha mãe que voltava de viagem, de uma temporada de quase três meses fora. Trazia também aquele friozinho na barriga que sempre senti ao fazer provas... mas dessa vez tudo foi diferente...
Acho que muitos rostos que hoje estampam as fotos do meu Orkut, ou facebook, eu vi naquele dia. Mas não me pergunte se lembro de alguém, pois o frio na barriga e o medo de mais uma vez fracassar não me permitia decorar rostos.
Quando sai daquela sala, entregue tudo na mão do destino. O que tivesse que ser seria e eu não poderia lutar contra nem muito menos a favor disso. O jeito era esperar e se preparar para a prova de administração da UECE que seria quinze dias depois.
Por falar em dias depois, foi depois de uns quatro dias que saiu o resultado do vestibular. O Sérgio me trouxe a bela notícia de que havíamos passado. As lágrimas desceram o meu rosto e um sentimento forte tomou conta de mim. Eu não mais me sentia uma fracassada.
Estudaríamos juntos... Já pensou você e seu irmão estarem juntos, na mesma faculdade, com o meu curso, com os mesmo amigos. Eu nunca antes, tinha imaginado isso.
Combinamos de que ele me levaria todos os dias de carro e em troca eu copiaria toda a matéria para ele. Os trabalhos seriam feitos por ele e sempre que possível eu daria uma mãozinha, já que na época eu trabalhava duas vezes mais do que hoje em dia.
Lembro perfeitamente do dia em que fomos fazer a inscrição do vestibular. Falávamos animados sobre como isso poderia mudar nossa vida, como dois anos passariam rapidamente e principalmente como dentro de muito em breve estaríamos prontos para montarmos o nosso próprio negocio.
Não tinha nem cinco minutos que havíamos saído de casa. Foi quando um burgue amarelo avançou a preferencial e bateu no nosso carro, bem do meu lado. No primeiro momentos, as pernas não paravam de tremer. Meu irmão preocupado comigo pedia para que eu não saísse do carro se estivesse sentindo dor.
Dor eu não sentia, sentia medo. Se o burgue viesse com mais velocidade eu não teria me ferido seriamente, tanto no braço como nas pernas. Ainda bem, que nem ele nem a gente víamos correndo.
Ninguém se feriu, ou melhor, apenas me machuquei no braço, mas nada mais sério aconteceu. Duas semanas com tipóia e o problema estava resolvido. E a prova da faculdade estadual que seria naquele fim de semana, foi esquecido por mim e por minha dor.
Não sei se fiz o certo, ou se apenas me fiz de fraca e me esqueci de tentar novamente. O que sei, é que matriculei em Processos Gerenciais no dia seguinte com ajudar do Sérgio e da mocinha que nos atendeu naquele dia e ali fiquei.
Era dia 13 de Julho de 2009... primeiro dia de aula.
Caramba com eu tava feliz por ter enfim conseguido entrar numa faculdade. Mas ao mesmo tempo morrendo de medo do que me esperava. Quando fiz o colegial, sempre tive amigos, que eram como irmãos pra mim, a prova disso é que até hoje tenho a Regiêda, o Fabrício, a Sun e o Clau em meus caminhos.
Mas será que na faculdade, mundo de adultos, isso também aconteceria?
Inacreditável ou não, aconteceu...
Em pouco tempo, as amizades foram nascendo. Conhece uma aqui, fala com outro ali, ajuda aquele outro bem ali. E de uma hora para outra, surgi amizades eternas, que iriam caminhar juntas por todo o caminho da faculdade.
Dois anos se passaram...
Estávamos ali, tirando fotos da placa de formatura.
Sorriso, gritos e muitas máquinas para eternizar esse momento. Olha para cá! Não é aquela máquina ali... Dia inesquecível!
O Dragão do Mar, que inúmeras vezes foi palco dos encontros de domingo do fã-clube Roupa Nova Nossos Eternos Anjos, mais uma vez fazia parte da minha vida. Apenas troquei o violão com as canções dos meus ídolos Roupa Nova, por sons de risos e de alegria de uma turma que se tornou uma historia a parte da faculdade. Troquei os textos que levava aos encontros, por um momentos inesquecíveis e eternizados em máquinas fotográficas ali presentes.
Talvez hoje, eu tenha entendido que sonhos às vezes nos ensinam a buscar nossos caminhos. Por inúmeras vezes lutei pela vaga na faculdade de psicologia, com isso aprendi a não desistir do meu objetivo. Mas nem sempre o que sonhamos será o que teremos em nossas vidas. Eu levei para faculdade de processos gerenciais a garra que tanto quis para ser psicóloga, levei a vontade de aprender, de ser uma profissional melhor. Honestamente aprendi que quando lutamos por um sonho, ou por um desejo, aprendemos que todo a luta e o sofrimento valeu por algo.
Hoje eu sei, que tudo o que vi para entrar numa faculdade me ensinou a dá valor a esse momento. Fui para faculdade com o desejo de aprender, entreguei-me ao aprendizado e ganhei dele experiências maravilhosas; amizades inesquecíveis; anjos da guarda que nem em meus maiores sonhos poderia tê-los idealizado; mestres divinos e lições de vida que ficaram eternizadas em meu ser.
Não me formo em psicóloga, mas hoje sou um Serdelina melhor. Em pouco tempo me formarei em gestora de processos, mas não foi só isso que ganhei ao decidir naquela tarde ensolarada de quinta-feira, me inscrever para essa faculdade.
Ganhei amigos inesquecíveis. Vivi histórias emocionantes. Conheci pessoas e lições de vida maravilhosas. Tive a felicidade de conviver com pessoas especiais. Aprende, ensinei, me emocionei e me encantei.
Em pouco mais de dois meses me formo, em processos gerenciais, mas levarei para minha vida, bem mais que teorias, princípios e formulas. Levarei os sorrisos, a amizade, o brilho no olhar e toda lição que aprendi com meus colegas de turma, com meus professores e principalmente com todos os meus amigos, pois cada serzinho que passou pelo caminho nesses dois anos, se tornou meus amigos.
Que possamos administrar empresas sem esquecer de se encantar com as pessoas.
Dely Nicolete
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