terça-feira, 8 de julho de 2014

O hexa não veio...

O hexa não veio...



Nesse momento nenhuma palavra pode explicar a dor de uma nação inteira. Não pode explicar o sentimento de cada um de nós BRASILEIROS. Sei que alguns vão dizer: ser brasileiro não é torcer apenas pela seleção. E eu até concordo. Ser brasileiro é muito mais que onze jogadores. Mas, há uma magia fabulosa quando o assunto é COPA DO MUNDO. Magia capaz de alegrar, de fazer esquecer os problemas, de emocionar. Magia que ensina crianças a torcer por nosso país – sim, por nosso país. Pois para uma criança todas as mazelas do mundo adulto não é absolutamente nada, quando seus ídolos tocam na bola e as fazem sonhar.

Sei que houve inúmeros protestos durante essa Copa. Alguns motivos eu até concordo em protestar. Não concordo em momento algum, protestar com violência e assumo que meu maior protesto acontecerá nas urnas e não num evento esportivo. Não será vandalizando que protestarei. Será nas urnas.

Mas não vim aqui falar de protesto e sim da Copa do Mundo em si. Quem me conhece sabe o quanto sou apaixonada por torcer pelo esporte nacional. Não importa que modalidade esportiva seja, lá estarei torcendo do mesmo modo. Porém assumo que na Copa do Mundo torço ainda mais por meus ídolos. Não sei se isso tem alguma ligação pelo fato de ter nascido em ano de Copa do Mundo, ou pelo simples fato de que a minha geração viu coisas esplendorosas acontecerem nesses eventos.

A minha geração viu algumas Copas – 1986/1990/1994/1998/2002/2006/2010 – mas ainda não  tinha visto nenhuma dentro do nosso país. Minha geração viu maravilhosos técnicos cuidando de nossa seleção, mas nunca tínhamos visto um técnico campeão de um mundial, treinando nosso time dentro de nosso país. Minha geração viu Copas belíssimas, mas nenhuma sendo disputada com tanto amor, com tanta criatividade como essa foi. Minha geração já soltou o grito de campeão por duas vezes, mas nenhuma vez foi dentro da nossa casa, do nosso país, nos nossos estádios.

Para mim, e acredito que para muitos amantes da paixão de torcer, esse era o momento mágico. Sonhamos em vê Thiago Silva erguendo a taça no nosso Maracanã. Sonhamos em vê Julio Cesar se redimindo de sua tragédia pessoal nos nossos estádios, com todo o carinho que nos brasileiros temos por nossos ídolos. Sonhamos em vê o garoto Neymar sendo consagrado o melhor jogador de uma Copa do Mundo, a nossa Copa do Mundo. Como sonhamos em soltar o grito de HEXACAMPEÃO!!!

A Minha geração se orgulhou de ver a seleção comandada por Zagallo e Parreira, mesmo desacredita, chegar ao TETRA de forma dramática. Vimos o Romário brilhando como ninguém em campos americanos; vimos o Bebeto homenagear seu bebê com o gesto que depois muitos outros imitariam. Vimos um goleiro esplendoroso, fazendo defesas maravilhosos e nós ensinando a grita VAI QUE É SUA TAFFAREL. Quem não se lembra daquela seleção fabulosa: Taffarel, Jorginho, Aldair, Marcio Santos, Branco, Dunga, Mauro Silva, Mazinho, Zinho, Bebeto e Romário. Com participação de Cafu e Viola e outros tantos?

Lembro que essa final, aconteceu no dia do meu aniversário de 8 anos e que a festa só aconteceria se o Brasil fosse campeã. E fomos! Aquela foi a primeira vez que soltei o grito de Campeão na minha vida. Acho que é justamente por isso que sou uma apaixonada por torcer, aquela Copa me ensinou isso.

Ai veio 1998 a primeira dor que senti por meu amor ao torce. Naquele time tínhamos ídolos como: Dunga, Taffarel, Roberto Carlos, Rivaldo. Ídolos não só meus, mais de um país inteiro. Nosso time entrou apático, abatidos com a noticia das convulsões que Ronaldo Fenômeno havia tido horas antes do jogo. Foi dito que não participaria da final e ele participou, mas participou com medo. Não era somente ele que estava com medo, nosso time inteiro. Nosso time se abateu, ficamos preocupados com o Ronaldo e não fizemos nosso melhor. O Penta não viria naquele anos... Perdiamos para França e muito se ouviu. Muita decepção e tal.

Aquela foi uma dor terrível, mas ela seria esquecida em 2002. Praticamente ninguém acreditava na nossa seleção nessa Copa. Mas a magia das Copas é incrível, tão incrível que fez acordarmos cedinho sem cara feia para ver um espetáculo dentro daqueles gramados. Foi maravilhoso!!! Meus ídolos ali estavam. Marcos, o guerreiro Lucio, o capitão Cafu, Roberto Carlos, Roque Junior, Edmilson, Gilberto Silva, Kleberson, Ronaldinho Gaucho, Rivaldo e Ronaldo.

A alma ficou lavada, o Penta veio de forma brilhante em cima justamente da Alemanha. A mesma Alemanha que hoje nós tirou o sonho do Hexa. Uma seleção jovem, que foi se desenvolvendo, crescendo, tornando-se experiente e que hoje derrotou a nossa inexperiente seleção.

Admito que quando falaram-me que o próximo técnico da seleção seria o Felipão, eu fiquei muito feliz. Sou fã da estratégia dele, do jeito dele, do trabalho dele. Sou fã do jeito como ele comanda sua equipe. Mas, ao ver a convocação fiquei preocupada. Faltava para esse time a experiência e nomes que eu conhecesse tão bem como a seleção de 2002.

Aos poucos fui aprendendo a conhecer aquelas novas figuras. A Copa das Confederações serviu e muito para isso. Tornei-me fã do David Luiz, do Marcelo, do Hulk, do Oscar. Compreendi ainda mais o jeitão do Julio Cesar, do Thiago Silva. Dei um voto de confiança a Neymar.

Admito, não sou fã do Neymar. Prefiro o Fred. Mas ao longo da Copa das Confederações e com o decorrer da Copa do Mundo, vi o talento que o Neymar possui e me encantei com o seu jogo. Muito me preocupava o fato de ver nossa seleção jogando muito para um homem só e quando esse homem não funcionava, como quando jogamos contra o Chile e a Colombia, ficávamos muito vulneráveis.

A prova disso foi o que aconteceu hoje. Neymar se machucou, não jogaria mais a Copa e tínhamos a experiente Alemanha na semifinal. Entramos em campo emocionados e deixamos em 10 minutos o mundo cair em cima de nossas cabeças.

O sonho acabou... e acabou de forma vergonhosa. 7x1. Nunca uma derrota em Copas do Mundo tinha sido tão doida assim. Estavamos na nossa casa, nos nossos estádios, com olhos grudados nos lances e bestamente perdermos.

Respirando fundo, vi que meu país já perderá a magia da Copa quando a seleção foi para o vestiário. Vi que todos os protestos que antes estavam até abafados, cresceram numa forma de revolta. Vi que o brasileiro esquecer a paixão de torcer e lembrou de outra paixão, a de reclamar, a de se revoltar.

Dizem que quando sofremos duras perdas, endurecemos o coração e ficamos rabugentos. Acho que nós brasileiros somos exigentes demais. Não temos ídolos para ficar em segundo ou terceiro lugar. Nossos ídolos tem por obrigação ser o melhor. Não queremos o segundo melhor do mundo, queremos sempre sermos os primeiros melhores do mundo.

Dizia um amigo, que é difícil ser ídolo nesse país, pois se for um ídolo esportista ele lutará não só com um adversário e sim com o adversário e uma nação inteira. Se ele perder, ele será ruim, será julgado duramente, não importará o número de conquistas passadas, será julgado com medíocre sem lembrar das glorias que viveu. Mas se ganhar... ah se ganhar será o melhor de todos os tempos, de uma vida inteira. Até que ele perca...

Injusto não!

Hoje, fiquei triste por não ver minha seleção indo para uma final. Fiquei triste por não podermos encerrar a Copa do Mundo no Brasil com chave de ouro. Mas, fiquei pensando em tudo o que aprendi com essa Copa; nos ídolos que ganhamos com essa Copa; dos sonhos que criamos nas crianças que assistiram esses jogos. Fiquei feliz, por ver que o meu país, mesmo com todos os problemas que ele possui (que eu bem sei que existe), conseguiu fazer um evento desse nível. Feliz por ver que meu país consigo abri as portas para o mundo.

Ainda não sei como será amanhã quando acordar e descobri que não mais estou torcendo pelo hexa e sim por um terceiro lugar. Não sei como reagiremos daqui para frente. Mas  sei, que me emocionei com gestos belíssimos que vi e vivencie nessa copa.


Quem sabe daqui a quatro anos esse grito saia de vez...

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