Hoje cedo, um amigo me ligou perguntando se havia assistido ao jogo do Thomaz Bellucci, ontem pelas oitavas de final do ATP 250 de Santiago. Confesso que matei aula na faculdade para assisti-lo e infelizmente não pode assistir ao jogo integralmente falando, pois tive um cliente de ultima hora e o trabalho não podia esperar.
Mas eu e esse amigo, falamos por um longo tempo sobre o jogo e sobre como o Thomaz arrebentou naquele ultimo set quando perdia de 4x0 e conseguiu virar para 4x5, mas infelizmente o dia não era dele. Fazer o que?
Para que ninguém diga que estou defendendo o Bellucci, também fiquei decepcionada com a perca daquele jogo, principalmente por conta do tié-break. Podia ter sido ali, a solução do titulo do bi de Santiago. Mas, ele perdeu e não posso ter completamente injusta ao dizer que não vi um jogo com garra dos dois lados da quadra.
Fazer o que? A vida é assim mesmo e se hoje ele perdeu, quem sabe, amanhã não venha uma bela vitoria?
Sem querer ou talvez até querendo esse amigo me deu uma bela idéia de assunto aqui para o blog, quando me perguntou “ O que faz um jogador ser bom?”.
Não me refiro só ao campo restrito dos tenistas, mas o jogador como um todo...
Seria possível elencar características primordiais de um bom jogador?
Pensei o dia inteiro e cheguei a uma bela conclusão. Espero que você também concorde comigo nesse aspecto.
Quando falamos do futebol, lembramos do Pelé, do Maradona, Rivelino, Ronaldo fenômeno, Ronaldinho Gaucho, Robinho, Zidane, Kaká e outros mais que foram símbolos de uma geração e de referencia mundial em termos de bons jogadores.
Se for um pouco mais longe, falaremos de Oscar, Paula e Hortência no basquete. Na minha geração tem o Nenê, Anderson Varejão e outros tantos. No vôlei, tínhamos o Giovane, o Mauricio e hoje temos o Murilo, o Giba, André Nascimento.
No tênis o Roger Federer, o Rafael Nadal. Para nós brasileiros o eterno Manézinho da Ilha, Guga. E tantos outros atletas mundo a fora que encantam o torcedor, que desperta paixões, desejos de ser pelo menos parecido com o jeito de jogar.
Mas o que todos esses tem incomum?
O que os fazem serem tão bons? O que neles nos encantam?
Primeiro de tudo TALENTO. Sem ele, ninguém chega a lugar nenhum. E do que adianta ter horas de treino, de exercícios, de jogos e não ter talento? Habilidade no que faz, competência!
Jogar bola todo mundo sabe, mas viver do jogo poucos conseguem. E não me refiro apenas o jogo de futebol e sim de todos os outros esportes que envolvem uma redondinha na historia.
Depois vem, DETERMINAÇÃO. Sem essa ai, é capaz de no primeiro tombo desistir do tal esporte (falo por experiência própria). Sem esse treco chamando determinação, não se chega nem a entrar em campo, ou em quadra (tatame ou o nome que você queira dá ao local de confronto), quanto mais ao topo do mundo.
Determinação faz você sonhar com o seu objetivo. Para ser o melhor do mundo, muitas vezes é preciso determinação e talento, se não, você até pode chegar lá no topo, mas bem rapidinho cair de novo.
Ai vem outra palavrinha mágica, PERSEVERANÇA. Essa vale para vida também.
Sem persevera você não chega a lugar nenhum. De que adianta o primeiro obstáculo, a primeira dor, a primeira chuva você desistir do seu objetivo final?
Sabe aquela hora no jogo de tênis que o seu adversário tá com um set ganho e 3x0 em cima de você no segundo set? Nessa hora a perseverança tem que imperar. Você persevera e faz o primeiro game, depois ver que pode e faz o segundo game. É preciso mais um game e você despeja toda a sua fúria no game e empatado tudo.
Pra mim, é isso que vale. E me faz lembrar de outra palavrinha GARRA.
Essa fundamental em todo esporte. Faz com que a adrenalina vá as alturas e solte uma explosão de força e de vontade de vencer que nem quando se está na final do campeonato de futebol (Copa do Mundo talvez), faltando cinco minutos para acabar o jogo, num empate cruel de 1x1. E lá do meio campo surgi o jogador para balançar as redes num ato de liberdade e de conquista sem tamanho.
Isso é garra...
O bom jogador tem que ter HUMILDADE suficiente para dizer que aquele não foi o seu melhor dia, melhor momento, ou simplesmente para revelar que errou.
Humildade faz um bom profissional, mas não significa dizer que é ser bobo. De jeito algum...
Humildade mas com caráter, com personalidade.
Tá ai... um bom jogador tem que ter PERSONALIDADE, pois muitos vão compará-lo ao melhor. E na maioria das vezes outros tantos vão criticá-lo, ou até mesmo humilhá-lo por derrotas sofridas. Sem a personalidade ou a inteligência emocional, é até capaz desse tal jogador pirar de vez e se achar ou maior do mundo ou o ser mais infeliz da Terra;
Ai me vem na memória outras belas palavras: SUPERAÇÃO, OUSADIA e CORAGEM.
Se essa semana o jogo foi ruim, torneio doído. A vitória não veio, ou a derrota foi tão clara com a água? Vem a superação para no jogo seguinte as coisas melhorarem, para a vitória vim, e no torneio seguinte a conquista seja ainda maior.
Toda melhora, vem da ousadia de mudar. Mudar o que tá errado, ou melhorar o que não estava no ponto certo. Ousar!
E pra isso preciso ter coragem.
Os melhores jogadores do mundo, seja lá em qual esporte for, se é no futebol, no basquete, tênis, vôlei, natação ou na bolinha de gude e na pedra na lua, precisam de coragem para serem os melhores.
Acho que é isso, é preciso ter talento, determinação, perseverança, garra, humildade, personalidade, superação, ousadia, coragem.
Muitos sabem que sou fã do Thomaz Bellucci e tenho que admitir que em alguns momentos é complicando acreditar em mudança no jogo do Bellucci. Mas quando vi, aquele set, onde 4x0, ele consegui virar para 4x5. Vi também, características importantes de um bom jogador ali nele.
Coragem de ariscar tudo (já tava perdido, quem sabe podia melhorar, na pior das hipóteses iria perder mesmo). Vi determinação para correr atrás dos games e em cada ponto vi garra, ousadia, perseverança, talento. E no fim, quando perdeu, vi humildade e personalidade para dizer que aquele não foi o seu dia.
Sim, ele perdeu...
E quem disse que os bons jogadores não perdem? Vi claramente a melhor seleção brasileira da minha geração perdendo a Copa do Mundo e outros tantos perdendo jogos incríveis que era só entrar lá, fazer o melhor e ganhar.
Mas ele perdeu...
A semana acaba e a Costa do Sauípe despontar no horizonte. Quem sabe não será ali a superação...
Bons jogadores podem e devem nos surpreender...
Com carinho
Dely Nicolete
